quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Natal nos hospitais

Chegou o Natal, ou está a chegar, se calhar com a crise nem vai chegar, porém, é tempo (quando digo tempo, refiro-me ao tempo tempo e não ao tempo na verdadeira identidade da palavra) do Natal nos Hospitais, ou seja, Natal para os coitadinhos.
Uma grande produção (apenas em tamanho) que é realizada pela RTP directamente de Alcoitão (terra das famosas alcagoitas) e do Porto.
Para os que não sabem e até mesmo para os que sabem, o Natal dos Hospitais consiste em pegar nos utentes com as mais diversas incapacidades/doenças (pacientes não, porque com as filas de espera mesmo eu perderia a paciência) e colocá-los numa sala fechados, obrigando-os a assistir durante dez horas consecutivas, do mais puro e cruel massacre que consiste num barulho ensurdecedor proporcionado pelos mais belos artistas da música tradicional portuguesa, vulgar PIMBA!
Artistas como Marco Paulo e as suas plásticas, José Cid a imitar Ray Charles com os seus óculos escuros (deve usá-los para não ver as figuras que está a fazer), Romana que só é boa na cama, Rita Guerra que não tem os pés assentes na terra, Emanuel a quem eu limparia o rabo se me acabasse o papel, Mickael e o seu encantador pai Tony que deveriam apanhar a carreira para bem longe de Portugal, passando por Avô Cantigas que é mais um "panisgas" que gosta de criancinhas sem nunca esquecer o inconfundível Padre Borga, que deveria estar a levar com o crucifixo nas costas em vez de espantar, com as suas cantigas, os espíritos que estão na "morga", não fazem uso da sua vocação que é estar em casa sossegaditos (e mesmo assim estorvam) e soltam umas notas que "diz que é musica" de forma a entreter (ou tentar) as pessoas com necessidades especiais.
Sei porque escolhem este público (maioritariamente com paralisia cerebral), porque são os únicos que não conseguem expressar o seu descontentamento, a sua angústia, pessoas que não têm poder de escolha/decisão e mesmo se quisessem atirar ovos ou tomates podres, nunca conseguiriam acertar no alvo a abater.
Após cinco minutos perdidos da minha vida a ver isto, fiquei doente e julgo já ter os requisitos para poder assistir ao Natal nos Hospitais de borla, mas continuo sem conseguir esclarecer uma dúvida, que julgo ser essencial para compreender o intuito deste belo programa português - Os artistas são os que estão na cadeira de rodas e os doentes de paralisia cerebral são os que estão em cima do palco a cantar em playback não são? Digam-me que sim...
E ainda têm a coragem de chamar a esta pouca vergonha de SOLIDARIEDADE!
Pai Natal, se leres o meu blog, por favor, põe-me TVCABO!!! E se é para ver mais disto... esquece o plasma que te pedi!!!

1 comentário:

"Adalberto Parvo" disse...

O Natal nos Hospitais só teve uma coisa a favor: não precisei de levar com o badocha do Fernando Mendes. Digamos que a Sóninha e bem mais cativante.